A vida Cristã, como caminho,
é uma constante que orienta nossa vida. A categoria do Caminho é enriquecedora
e fundamental em toda a História da Salvação. A missão é caminho, e é no
caminho que Deus se revela – revitaliza-se e constrói sua identidade. O horizonte
se aproxima, os olhos se abrem, as visões mudam, tudo se transforma. A única
certeza é que Jesus caminha conosco. A missão é um convite para “avançarmos
para as águas mais profundas” (Lc 5,4). Há o perigo das profundezas, mas se não
houver o risco não se chega a nenhum lugar. É preciso arriscar-se. Sair do
lugar estagnado, da escuridão, da montanha. É preciso sair da própria terra e
atravessar todas as fronteiras.
Mas o que significa sair da própria terra? (Gn
12,1). Não é só das coisas e das pessoas que é preciso sair, é preciso sair da
própria rotina do cotidiano. “Para onde Senhor?”, poderíamos nos perguntar?
Logo pensamos no lugar seguro, da chegada. Queremos prever todos os passos.
Estabelecer programas de evangelização e estratégias pastorais. Sem querer
desconsiderar sua importância, devemos estar atentos para não queremos
domesticar o caminho dentro de trilhas bem definidas, pois assim destruiremos a
história e a revelação do Senhor. E, é dando cada passo, na provisoriedade do
dia a dia que Deus se revela. “Mestre, onde moras?” De novo, a certeza de uma
casa, de um endereço, da segurança. “Vinde e Vede”, responde o Mestre. “Eu sou
o Caminho” (Jo 14, 6). É em cada passo que é dado, sem ter tudo claro, que Deus
vai se revelando. Maria, mãe de Jesus, caminhava e confiava em Deus sem ter
tudo claro. Ela caminhava pela fé e não pela evidência.
De todo este caminho de
missão, uma certeza, o Senhor nos precede no caminho. Às vezes, sempre
procuramos o mais curto, evitamos as voltas. Mas o Senhor nos precede para nos
mostrar o caminho (Ex13,17.18.21). E aqui aparece a necessidade da luta da
caminhada: caminhar é preciso – o povo disperso de Israel, cansado e massacrado
pela escravidão do Egito, torna-se povo de Deus no caminho pelo deserto, lugar
de perigo, mas também lugar de encontro com o Senhor. A promessa da terra
acompanhava o povo amedrontado. “Onde está a terra prometida?” É trilhando o
caminho que vai se chegar à terra. Lembramos também que na missão, é preciso
sempre, o alimento: “Elias, levanta-te e come, pois é grande o caminho que te
resta” (1Rs 19,5-8). O pão da Palavra e da Eucaristia é a fonte da missão e da
vida solidária. No dia a dia, pessoalmente e juntos, Deus nos alimenta com a
comida certa para recuperar as forças.
Somos, então pessoas do
caminho, assim como os que nos precederam na fé: “Eram adeptos do caminho,
homens e mulheres” (At 9,2). De fato, os primeiros cristãos estavam conscientes
de haverem encontrado o verdadeiro caminho que é a pessoa, “Jesus Cristo”. O
caminheiro não leva nada consigo – (Mt 6,33). A busca incessante de quem se põe
nos passos do Mestre é a busca incessante do Reino, sem outras exigências e
compromissos (Mt 6,25ss), ou seja, a busca do Reino de Deus (Mt 7,21). O
caminho na pobreza leva a missionária e o missionário a trilhar as veredas com
os pobres e os despossuídos (Lc 10,4).
Para uma nova evangelização,
como nos propõe a Igreja, neste ano da fé, é preciso muita atenção com o
caminho. Deus se revela no caminho e não fora dele. “Caminheiro não há caminho.
Faz-se o caminho ao caminhar”. E qual deve ser a nossa atitude, como
missionário e missionária? Gratüidade e busca, porque é no caminho que a
missionária e o missionário se tornam hóspedes na casa do outro e vivem a
gratüidade de serem acolhidos. É caminhando que o discípulo continua a buscar o
tesouro, escondido no sulco da vida do outro. O caminho nos torna itinerantes e
mendigos de Deus. A busca é infinita e para sempre. Não há mais retorno. Jesus
é o caminho.
Adorei o texto.Contribuição enviada por pe.Adilson Couto que está em Roma.Ele sempre estará enriquecendo o blog com seus lindos textos.
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